Microempreendedores Individuais (MEIs) têm sido alvo de um novo tipo de golpe: cobranças falsas feitas em nome do CNPJ MEI. Com a crescente adesão ao regime MEI no Brasil, aumentam também os casos de fraudes envolvendo boletos indevidos e exigências enganosas. A prática, que mistura ameaças veladas com falsos documentos de órgãos públicos, tem gerado preocupação entre os mais de 15 milhões de MEIs registrados no país.
O aumento dos golpes direcionados a MEIs
Nos últimos meses, diversos órgãos de proteção ao consumidor e instituições como o Sebrae têm alertado sobre o crescimento de casos envolvendo cobranças indevidas direcionadas a MEIs. Os golpistas enviam boletos e notificações com aparência oficial, geralmente utilizando nomes parecidos com instituições públicas ou associações comerciais.
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Como os golpes funcionam
O golpe funciona de forma simples, porém eficaz. O MEI recebe um boleto, geralmente por e-mail, SMS ou correios, com a alegação de que é necessário pagar uma taxa obrigatória para manter seu CNPJ ativo. Os documentos são muito parecidos com comunicações oficiais, contendo selos falsificados, brasões da república ou termos jurídicos para causar intimidação.
Tipos mais comuns de fraudes
Entre as fraudes mais relatadas estão:
- Boletos com taxas de manutenção do CNPJ
- Cobrança de taxas para inscrição em órgãos de classe
- Anuidades de associações fictícias
- Ameaças de cancelamento do CNPJ por falta de pagamento
Por que os MEIs são alvos frequentes?
O regime MEI é voltado a pequenos empreendedores, muitos dos quais não têm formação técnica ou conhecimento aprofundado sobre obrigações legais. Essa vulnerabilidade é explorada pelos golpistas, que usam linguagem técnica e documentos convincentes para enganar.
Falta de informação
Um dos principais motivos que facilitam esse tipo de golpe é a desinformação. Muitos MEIs não sabem exatamente quais tributos são obrigatórios ou quais instituições realmente têm autoridade para emitir cobranças. Isso cria espaço para a manipulação e para o pagamento de boletos falsos.
Medo de irregularidades
Os estelionatários também se aproveitam do medo que muitos MEIs têm de perder seu CNPJ. A ameaça de suspensão ou cancelamento imediato do registro, quando não é verdadeira, acaba levando muitos a pagar quantias indevidas sem verificar a autenticidade da cobrança.
Obrigações reais do MEI
É essencial que o MEI saiba exatamente quais são suas obrigações legais para não cair em armadilhas.
DAS (Documento de Arrecadação do Simples Nacional)
A única cobrança obrigatória mensal do MEI é o DAS, que inclui:
- INSS (Previdência Social)
- ICMS (para comércio e indústria)
- ISS (para prestadores de serviço)
Este documento é gerado no Portal do Empreendedor ou em aplicativos oficiais da Receita Federal.
Declaração Anual (DASN-SIMEI)
Outra obrigação do MEI é a entrega da Declaração Anual do Simples Nacional, que também é gratuita e pode ser feita pela internet.
Como identificar cobranças falsas
Saber diferenciar uma cobrança verdadeira de uma falsa é fundamental para a segurança do MEI.
Verifique a origem do boleto
Boletos verdadeiros do DAS só são gerados em plataformas oficiais. Boletos enviados por e-mail, SMS ou correio devem ser vistos com desconfiança, especialmente se tiverem nomes de instituições desconhecidas.
Analise o código de barras
Verifique o código de barras do boleto. Os emitidos pela Receita Federal e sistemas oficiais têm como código inicial o número do banco conveniado. Golpistas usam bancos alternativos ou digitais para dificultar o rastreio.
Atenção aos valores
O valor do DAS costuma ser fixo e gira entre R$ 70 e R$ 90, dependendo da atividade do MEI. Boletos com valores maiores, como R$ 150 ou R$ 300, devem ser vistos como suspeitos.
Dicas para não cair no golpe
Com a disseminação dessas práticas, é necessário que o MEI adote medidas para se proteger.
Use sempre canais oficiais
Evite abrir e-mails desconhecidos ou clicar em links recebidos por SMS. Gere seus boletos apenas nos sites oficiais e mantenha seus dados atualizados na Receita Federal e no Portal do Empreendedor.
Desconfie de prazos urgentes
Golpistas costumam colocar prazos curtos para pagamento, pressionando a vítima. Cobranças legítimas não costumam usar esse tipo de abordagem.
Consulte órgãos de apoio
Em caso de dúvida, o MEI pode procurar orientação no Sebrae, na Receita Federal ou em contadores de confiança. Essas instituições ajudam a verificar a veracidade de cobranças.
Casos que geraram alerta nacional
Recentemente, diversos casos ganharam repercussão nas redes sociais, com relatos de MEIs que pagaram boletos falsos acreditando serem obrigações legais. A semelhança dos documentos com comunicações oficiais dificulta a identificação da fraude.
Reclamações nas redes
Plataformas como Reclame Aqui e fóruns de discussão sobre empreendedorismo têm sido inundadas por denúncias. Os golpistas agem rapidamente, muitas vezes registrando o pagamento e desaparecendo sem deixar rastros.
Investigações em andamento
Algumas investigações estão em curso, inclusive com atuação da Polícia Federal, mas a repressão é dificultada pela capilaridade dos crimes e pelo uso de empresas de fachada para lavar o dinheiro.
Como agir se você pagou uma cobrança indevida

Se você caiu no golpe, é possível tentar reverter a situação, embora não haja garantias.
Registre um boletim de ocorrência
O primeiro passo é registrar um boletim de ocorrência. Isso é fundamental para que as autoridades possam investigar e, eventualmente, rastrear os criminosos.
Comunique seu banco
Entre em contato com seu banco imediatamente. Em alguns casos, é possível cancelar o pagamento ou abrir um pedido de estorno.
Alerte outros empreendedores
Denunciar o golpe nas redes sociais ou grupos de MEIs ajuda a prevenir que outros empreendedores também sejam enganados.
Conclusão
O aumento das fraudes contra MEIs revela um cenário preocupante: a vulnerabilidade dos pequenos empreendedores frente a criminosos especializados. Com uma base de conhecimento limitada e muitas vezes sem apoio técnico, os MEIs tornam-se presas fáceis de golpes sofisticados e bem arquitetados.
Portanto, é fundamental que o empreendedor individual se mantenha bem informado, utilize apenas os canais oficiais e adote uma postura de desconfiança saudável frente a cobranças inesperadas. A educação financeira e tributária, aliada ao apoio de instituições sérias como o Sebrae, são os melhores caminhos para evitar prejuízos e garantir a sustentabilidade do seu negócio.





