O uso de transferências instantâneas via PIX tem facilitado a vida dos brasileiros, mas também tem se tornado terreno fértil para criminosos. Em Coxim, no Mato Grosso do Sul, um idoso de 61 anos foi vítima de um golpe de estelionato que resultou em um prejuízo superior a R$ 15 mil. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil, que reforça os alertas à população sobre os perigos de confiar cegamente em mensagens recebidas por aplicativos.
Leia mais: Golpes bancários em alta: veja os 10 mais comuns
O golpe: criminoso se passou por amigo da vítima
O idoso registrou boletim de ocorrência na última segunda-feira (14), relatando que recebeu mensagens de uma pessoa que se apresentava como um amigo próximo. O conteúdo das mensagens pedia ajuda financeira com urgência. Acreditando que se tratava realmente de um conhecido em apuros, o homem realizou duas transferências bancárias via PIX.
Os valores foram enviados para duas destinatárias diferentes:
- R$ 10.000,00 para uma conta vinculada à instituição Will Financeira
- R$ 5.650,00 para uma conta no Banco Bradesco
Somando os valores, o prejuízo total chega a R$ 15.650,00.
A vítima só percebeu o golpe após conversar diretamente com o verdadeiro amigo, que confirmou que seu número de celular havia sido clonado e que ele não havia feito nenhum pedido de ajuda.
Cresce número de golpes envolvendo clonagem e PIX
A prática utilizada pelos golpistas neste caso é cada vez mais comum no Brasil. Ela combina técnicas de engenharia social com a clonagem de números de celular, criando uma falsa sensação de urgência e proximidade. Os criminosos usam essas estratégias para convencer as vítimas a transferirem quantias consideráveis sem confirmar a veracidade da situação.
A facilidade e velocidade do PIX, que deveria ser uma vantagem, tem sido explorada por golpistas. As transferências são instantâneas, o que torna o rastreamento e o cancelamento muito difíceis após a operação ser concluída.
Autoridades alertam sobre cuidados necessários
A Polícia Civil de Coxim já iniciou as investigações e reforça que, em situações semelhantes, a recomendação é sempre checar a identidade do remetente da mensagem antes de qualquer movimentação financeira. “É fundamental desconfiar de pedidos de dinheiro por aplicativos de mensagens. Se possível, entre em contato com a pessoa por ligação ou pessoalmente antes de realizar qualquer transferência”, orientam os investigadores.
Como evitar cair nesse tipo de golpe
Casos como o do idoso de Coxim evidenciam a importância de adotar medidas preventivas simples, mas eficazes. Veja algumas recomendações de segurança para evitar fraudes com PIX:
- Desconfie de mensagens urgentes: Golpistas costumam criar um clima de emergência para pressionar a vítima.
- Confirme por outros canais: Sempre tente ligar ou conversar com a pessoa supostamente envolvida antes de transferir dinheiro.
- Ative a verificação em duas etapas: Isso ajuda a evitar a clonagem de contas de WhatsApp e outros apps.
- Evite expor dados pessoais em redes sociais: Informações públicas podem facilitar a ação dos golpistas.
- Denuncie e registre boletim de ocorrência: Isso ajuda a polícia a rastrear os criminosos e pode evitar novos casos.
Prevenção também é responsabilidade das instituições
Além da atenção dos usuários, especialistas defendem que bancos e instituições financeiras também devem investir em tecnologia e medidas adicionais de segurança. A rápida popularização do PIX exige mecanismos que consigam identificar comportamentos suspeitos de forma proativa, como limites de transações e confirmação de identidade para novos destinatários.
Impactos psicológicos e sociais da fraude
As consequências de golpes como esse não se restringem ao prejuízo financeiro. Muitas vítimas, especialmente idosos, enfrentam sentimentos de vergonha, frustração e até depressão após serem enganadas. Isso se agrava quando não há uma rede de apoio para amparar emocionalmente essas pessoas.
A vítima de Coxim, por exemplo, não apenas sofreu um rombo em seu orçamento, mas também relatou constrangimento ao perceber que havia sido enganado. A confiança traída e o medo de cair novamente em armadilhas digitais tornam-se marcas profundas.
Golpes com PIX: uma realidade nacional
O caso do idoso sul-mato-grossense é apenas mais um entre milhares registrados no Brasil. Segundo dados do Banco Central, as fraudes envolvendo o PIX têm crescido, e a maior parte dos crimes ocorre por meio de engenharia social – isto é, quando o criminoso manipula emocionalmente a vítima.
O desafio para as autoridades é duplo: coibir os crimes e educar a população digitalmente, tornando-a mais consciente dos riscos. Campanhas educativas, maior rigor nas investigações e a cooperação entre instituições públicas e privadas são fundamentais nesse cenário.