A cesta básica em Boa Vista teve uma queda significativa no mês de março de 2025. Segundo dados da Secretaria de Planejamento (Seplan) de Roraima, o conjunto de alimentos essenciais custou, em média, R$ 645,31 — o que representa 42,5% do novo salário mínimo nacional, fixado em R$ 1.518.
A redução em relação a fevereiro foi de 2,3%, quando a cesta básica custava R$ 660,64. Essa queda alivia, ainda que parcialmente, o orçamento das famílias trabalhadoras da capital roraimense. Em um contexto de inflação persistente em várias partes do país, esse recuo em Boa Vista é um indicativo de estabilização de preços locais, ao menos temporariamente.
A pesquisa mensal da Seplan reforça a importância de acompanhar os custos básicos para avaliar o poder de compra dos trabalhadores. A cesta básica inclui itens essenciais para a alimentação de uma família, como arroz, feijão, carne, leite, pão, frutas, verduras e outros itens. Uma variação nesses preços impacta diretamente o bem-estar da população, sobretudo das classes mais baixas.
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Produtos que mais contribuíram para a queda
Alimentos em queda:
- Tomate: redução de -10,6%
- Farinha de mandioca: queda de -7,3%
- Carne bovina: queda de -4,2%
Esses três produtos foram os principais responsáveis pela queda geral da cesta básica. A carne bovina, por exemplo, teve preços médios entre R$ 83,85 (zona 6) e R$ 94,19 (zona 2), o que representa uma diferença de mais de 12% entre regiões da cidade.
A redução no preço do tomate está diretamente ligada à maior oferta nas últimas semanas, após chuvas regulares em áreas produtoras. Já a queda na farinha de mandioca reflete a maior entrada do produto local, especialmente das regiões produtoras do interior de Roraima. A carne bovina apresentou redução impulsionada por promoções e aumento na concorrência entre supermercados.
Alimentos em alta:
- Café: aumento de 9,1%
- Manteiga: alta de 4,8%
- Banana: elevação de 2,2%
Apesar de pontuais, esses aumentos acabaram sendo compensados pela queda mais expressiva dos outros produtos. No caso do café, o aumento foi atribuído à quebra de safra em estados produtores do Sudeste. A manteiga, por sua vez, sofre influência dos preços do leite e da logística de distribuição.
Divisão territorial da análise
O levantamento da Seplan analisou os preços em oito zonas, abrangendo 57 bairros e 67 mercados da capital. Essa divisão permitiu um mapeamento mais detalhado das diferenças territoriais de preços.
Cada zona representa um agrupamento de bairros com características econômicas e sociais semelhantes. Os dados colhidos refletem não apenas o comportamento dos preços, mas também o acesso da população aos itens básicos.
Zonas mais caras e mais baratas:
- Zona 1 (bairros nobres): cesta básica custou R$ 679,05
- Zona 8 (bairros periféricos): menor valor, com R$ 614,66
Exemplo de bairros por zona:
Zona 1: Caçari, Paraviana, São Francisco, São Pedro
Zona 8: Pintolândia, Senador Hélio Campos, Nova Canaã
As diferenças de valores evidenciam a desigualdade socioeconômica dentro da cidade. Enquanto nas regiões centrais o custo da cesta ultrapassa R$ 670, nas regiões periféricas os consumidores encontram valores até 10% menores, o que pode refletir tanto o poder de negociação quanto o tipo de estabelecimento comercial predominante.
Produtos de limpeza também ficaram mais baratos
Além dos alimentos, a Seplan também monitorou os preços de produtos de limpeza e higiene. Os resultados mostram que, além da alimentação, os gastos com higiene também ficaram levemente menores no período analisado.
Limpeza doméstica:
- Queda geral: -1,1%
- Destaques: vassoura (-6,7%) e água sanitária (-2,7%)
Preços médios:
- Água sanitária: R$ 3,30
- Sabão em pó: R$ 9,89
- Sabão em barra: R$ 15,26
- Desinfetante: R$ 4,87
- Detergente: R$ 3,18
- Vassoura: R$ 21,91
- Esponja de aço: R$ 2,99
- Inseticida: R$ 13,17
A leve queda nesses itens auxilia famílias que enfrentam dificuldades para manter a higiene do lar sem comprometer o orçamento.
Higiene pessoal:
- Queda média: -1,7%
- Principal redução: absorvente (-9,9%)
Com os produtos de higiene pessoal apresentando redução nos preços, especialmente itens essenciais para mulheres, como o absorvente, o impacto positivo sobre a qualidade de vida é relevante.
Comparativo de valores por produto e por zona
Preços em destaque:
Produto | Zona 1 | Zona 8 | Diferença |
---|---|---|---|
Carne bovina | R$ 90,06 | R$ 85,12 | -5,49% |
Banana | R$ 81,36 | R$ 70,81 | -12,9% |
Tomate | R$ 105,09 | R$ 82,61 | -21,4% |
Arroz | R$ 20,90 | R$ 22,14 | +5,9% |
Farinha | R$ 32,01 | R$ 28,61 | -10,6% |
Leite | R$ 50,97 | R$ 48,84 | -4,2% |
A tabela mostra que mesmo em zonas mais caras, ainda há oscilações entre produtos. O arroz, por exemplo, foi mais barato na Zona 1 do que na Zona 8, possivelmente por conta de promoções específicas ou tipos diferentes de marcas comercializadas.
Essas comparações permitem que o consumidor tenha maior consciência dos preços praticados nos diversos bairros e busque alternativas mais acessíveis, mesmo que isso signifique deslocamentos maiores.
O impacto sobre o orçamento familiar
A queda no custo da cesta básica representa um alívio para muitas famílias de Boa Vista. Com a cesta custando menos da metade do salário mínimo, sobram mais recursos para outras despesas essenciais, como transporte, moradia e educação.
Considerando uma família de quatro pessoas, em que dois adultos recebem um salário mínimo cada, a economia mensal pode ser significativa. A liberação de orçamento para áreas como saúde e lazer também contribui para o bem-estar geral da população.
Ainda assim, os especialistas alertam que a situação pode mudar rapidamente. A sazonabilidade dos alimentos, especialmente hortifrutigranjeiros como tomate e banana, influencia diretamente os preços. Qualquer mudança climática severa ou dificuldade na logística pode elevar rapidamente os valores dos itens essenciais.
Perspectivas para os próximos meses
A Seplan continuará monitorando os preços nos mercados locais. A expectativa é que, com a chegada de safras mais abundantes e condições climáticas mais estáveis, os preços se mantenham em queda ou estabilidade.
O levantamento é também uma ferramenta importante para políticas públicas de combate à insegurança alimentar. A atuação de órgãos públicos para garantir abastecimento e apoio aos mais vulneráveis se mostra fundamental.
A população também pode se beneficiar de programas como feiras populares, incentivos ao pequeno produtor e campanhas de orientação sobre consumo consciente. Com essas iniciativas, espera-se criar um ecossistema mais equilibrado e sustentável do ponto de vista alimentar e social.