A partir de janeiro de 2025, o regime do Microempreendedor Individual (MEI) sofre uma de suas maiores transformações desde a criação em 2008. Com mais de 14 milhões de registros ativos, o MEI verá um aumento significativo no limite de faturamento anual, de R$ 81 mil para R$ 130 mil, e a obrigatoriedade da emissão de notas fiscais eletrônicas (NF-e e NFC-e) a partir de 1º de abril. Também entram em vigor novas alíquotas de contribuição, conforme o reajuste do salário mínimo para R$ 1.518.
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Limite de faturamento MEI sobe para R$ 130 mil
Alívio para quem estava no teto anterior
O aumento do teto para R$ 130 mil anuais – equivalente a cerca de R$ 10.830 por mês – era uma demanda antiga. Muitos microempreendedores se viam forçados a sair do MEI por excederem os R$ 81 mil, gerando multas e obrigatoriedade de migração para regimes mais complexos, como o Simples Nacional.
Benefício direto para setores sazonais
Setores como comércio de roupas, alimentação e serviços de beleza se beneficiam do novo teto, pois têm oscilações naturais de receita ao longo do ano. Agora, será possível investir mais sem receio de ultrapassar o limite.
Redução da informalidade
Com maior espaço para crescimento e segurança jurídica, espera-se uma nova onda de formalizações. O MEI tem sido o formato de entrada no mercado para quem quer empreender com baixa carga tributária.
Contribuições mensais aumentam com o novo salário mínimo
Cálculo da contribuição
O valor da contribuição do MEI é baseado em 5% do salário mínimo. Em 2025, isso representa R$ 75,90, acrescido de tributos conforme o setor:
- Comércio/Indústria: + R$ 1,00 de ICMS (total de R$ 76,90)
- Serviços: + R$ 5,00 de ISS (total de R$ 80,90)
- Atividades mistas: R$ 82,90 (ICMS + ISS)
Impacto para pequenos empreendedores
Apesar de parecer pequeno, o aumento pesa para quem tem margem apertada. A inadimplência, que chegou a 40% em 2023, pode crescer sem organização financeira.
Nota fiscal eletrônica torna-se obrigatória em abril
Quem deve emitir
Todos os MEIs precisarão emitir nota fiscal eletrônica a partir de 1º de abril de 2025, tanto para vendas a empresas quanto a pessoas físicas, especialmente no caso de produtos e serviços com entrega.
Como emitir
A emissão será feita pela plataforma Nota Fiscal Fácil (NFF) ou por aplicativos credenciados. É necessário ter acesso à internet e cadastro no gov.br.
Dificuldades previstas
Em áreas rurais e periferias, onde a digitalização ainda é limitada, pode haver dificuldades com acesso e capacitação. Feirantes e autônomos podem enfrentar barreiras tecnológicas.
Benefícios da digitalização
- Facilidade de parcerias com empresas maiores
- Organização financeira
- Acesso a novas ferramentas de gestão
O que acontece se o MEI ultrapassar o limite de R$ 130 mil
Excesso de até 20%
Faturamento de até R$ 156 mil: permanece como MEI até dezembro, mas paga guia complementar sobre o excesso.
Excesso acima de 20%
Se o MEI faturar mais de R$ 156 mil, é desenquadrado automaticamente e precisa migrar para o Simples Nacional como Microempresa (ME), com alíquotas de 4% a 13,3%.
Cronograma das mudanças do MEI em 2025
- Janeiro: Novo teto de R$ 130 mil e contribuições atualizadas
- Abril: Início da obrigatoriedade da nota fiscal eletrônica
- Dezembro: Prazo final para regularizar faturamento excedente
MEI como motor da economia brasileira
Inclusão produtiva
Criado em 2008, o MEI ajudou a formalizar trabalhadores de diversos setores: beleza, alimentação, logística, tecnologia e construção. Mais de 80% dos novos CNPJs em 2022 foram MEIs.
Papel social
O MEI garante acesso a benefícios previdenciários, como aposentadoria por idade, auxílio-doença e salário-maternidade. A regularidade das contribuições é essencial para manter esses direitos.
Como se preparar para as novas regras
Monitoramento constante
Acompanhar o faturamento mensal para evitar surpresas fiscais.
Uso de ferramentas digitais
Utilizar aplicativos de controle financeiro e emissão de notas fiscais.
Capacitação
Participar de cursos gratuitos, como os oferecidos pelo Sebrae.
Organização financeira
Separar contas pessoais e empresariais.
Setores mais impactados
Comércio
- Expansão de estoques
- Investimento em datas sazonais
Serviços
- Melhoria na infraestrutura
- Ampliação da clientela
Indústria artesanal
- Maior capacidade de produção
- Necessidade de adequação fiscal e digital