A inflação voltou a pesar no bolso do consumidor, e o setor de alimentos tem sido um dos principais responsáveis pela alta dos preços no Brasil. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a alimentação no domicílio acumulou alta de 7,10% nos últimos 12 meses até fevereiro de 2025. Apenas em fevereiro, o grupo Alimentação e Bebidas aumentou 0,70%, puxado por diversos itens essenciais da cesta básica.
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Cenário climático e demanda externa impulsionam preços
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Fenômenos climáticos extremos impactantes na produção
Segundo especialistas, os eventos climáticos extremos — como ondas de calor e secas prolongadas — impactaram diretamente a oferta de produtos agrícolas. Culturas sensíveis ao clima, como café, frutas e hortaliças, sofreram redução de produtividade, contribuindo para o encarecimento.
Exportações aquecidas pressionaram o mercado interno
Além dos fatores internos, a alta demanda externa por alguns produtos, como ovos e carne bovina, ajudou a reduzir a disponibilidade no mercado nacional, instruções ainda mais os preços ao consumidor.
Alimentos que mais subiram nos últimos 12 meses
O aumento dos preços não se restringe apenas aos ovos e café. Outros itens essenciais também tiveram altas expressivas. Confira os vilões da inflação:
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Produto | Variação (%) 12 meses até 25/fev |
---|---|
Café moído | +66,18% |
Tangerina | +59,24% |
Laranja-lima | +40,78% |
Abobrinha | +28,17% |
Limão | +25,31% |
Óleo de soja | +23,39% |
Carnes | +21,98% |
Laranja-pera | +21,72% |
Azeite de oliva | +14,16% |
Vida longa | +11,11% |
Ovo de galinha | +10,49% |
Cortes de carne lideram a alta
Aumento acumulado dos cortes bovinos
As carnes lideram a alta entre as proteínas. Os cortes bovinos mais afetados foram:
- Acém: +27,85%
- Patinho: +24,76%
- Pá: +24,68%
- Costela: +23,63%
- Peito: +23,26%
- Lagarto comum: +22,42%
- Contrafilé: +21,47%
- Capa de filé: +21,31%
- Filé-mignon: +20,88%
- Músculo: +20,78%
- Alcatra: +20,68%
- Chã de dentro: +20,57%
- Carne de porco: +20,22%
O que explica esse aumento?
De acordo com Fernando Gonçalves, gerente do IPCA, a combinação entre menor oferta interna e aumento nas exportações motivou o aumento nos preços da carne.
Ovos: proteína alternativa também ficou mais cara
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A proteína que costuma ser alternativa ao consumo de carne também aumentou consideravelmente. Apenas em fevereiro, o preço dos ovos subiu 15,39%. A explicação está na gripe aviária nos Estados Unidos, que impactou o mercado internacional e elevou a demanda por ovos brasileiros, rapidamente a oferta interna.
Além disso, a volta às aulas e o aumento do consumo doméstico pressionaram ainda mais os preços. “Com a substituição da carne por ovos, houve aumento da demanda que o mercado interno não suportou adequadamente”, explica o especialista em varejo Leandro Rosadas.
Café: o campeão de alta em 2025
O café moído foi o item com maior variação de preço no acumulado de 12 meses: +66,18%. A produção da safra 2024/2025 foi prejudicada por uma combinação de calor intensa e chuvas irregulares. Como consequência, a oferta diminuiu, e os preços dispararam desde o início do ano passado.
Medidas do governo para conter a inflação dos alimentos
Aposta na supersafra
A principal expectativa do governo federal é a supersafra agrícola de 2025. Com colheitas registram previsões em diversas culturas, a ideia é aumentar a oferta interna e equilibrar os preços.
Isenção de impostos de importação
Paralelamente, o governo anunciou uma série de medidas emergenciais para conter o avanço da inflação dos alimentos. Entre elas, destaca-se a autorização do imposto de importação de 11 produtos alimentícios, com efeito imediato e por tempo indeterminado.
Alimentos com imposto zerado
- Carnes desossadas de bovinos, congeladas
- Café torrado (exceto em cápsulas)
- Café não torrado em grão
- Milho em grão (exceto para semelhança)
- Outras massas alimentícias
- Bolachas e biscoitos
- Azeite de oliva extravirgem
- Óleo de glicerol
- Açúcar de cana
- Sardinha (cota de 7.500 toneladas)
- Óleo de palma (cota aumentada de 60 mil para 150 mil toneladas)
Declarações do governo
Segundo o vice-presidente Geraldo Alckmin, as medidas não são uma solução definitiva, mas sim um recurso emergencial. “É mais um instrumento para ajudar a reduzir o preço dos alimentos”, afirmou.
Impacto social e político da inflação dos alimentos
O aumento dos preços dos alimentos impacta diretamente a vida da população de baixa renda, que destina grande parte da renda à alimentação. Além disso, a inflação gerou desgaste político ao governo federal, que vê sua popularidade ser afetada pelo encarecimento da cesta básica.
Alimentação no domicílio desacelera, mas segue alta
Apesar da desaceleração no ritmo de alta — em janeiro, a alimentação no domicílio havia subido 1,07%, contra 0,79% em fevereiro —, os preços continuam subindo e preocupam os analistas econômicos.
Expectativas para os próximos meses
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Os analistas apontam que os efeitos da supersafra e da isenção do imposto de importação deverão ser sentidos a partir do segundo trimestre de 2025. No entanto, o cenário segue incerto, principalmente por conta das instabilidades climáticas.
Considerações Finais
A inflação dos alimentos continua sendo um dos principais desafios econômicos do país. Com vilões bem definidos — como café, carne, ovos e hortaliças —, o consumidor segue buscando alternativas para manter o orçamento. A resposta do governo, por agora, combina medidas emergenciais com a esperança de uma safra agrícola robusta, enquanto a população aguarda por resultados concretos nas gôndolas dos supermercados.