Em uma decisão importante, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou o pedido da Associação Nacional dos Médicos Peritos (ANMP) para suspender os descontos salariais e o bloqueio das agendas dos peritos médicos grevistas. A medida impacta diretamente a atuação dos peritos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e gera controvérsia em meio à paralisação que já se arrasta há semanas. Neste artigo, vamos analisar os detalhes dessa decisão, seus efeitos e as possíveis repercussões para os peritos médicos e para os beneficiários do INSS.
O contexto da greve dos peritos médicos do INSS
A greve e suas causas
A greve dos peritos médicos do INSS é um movimento que tem ganhado cada vez mais visibilidade devido aos descontentamentos com a falta de valorização da categoria e as condições de trabalho impostas pelo governo. Os peritos médicos, responsáveis por avaliar a capacidade laborativa de segurados e aposentados, denunciam excesso de trabalho, falta de recursos e baixos salários.
O cenário atual envolve uma paralisação parcial, com muitos peritos se recusando a atender às solicitações de avaliação médica, o que tem gerado um acúmulo de processos e atraso na concessão de benefícios do INSS.
Leia mais:
INSS: Como herdeiros podem sacar benefícios de familiares falecidos
As reivindicações da ANMP
A ANMP, principal entidade representativa dos peritos médicos, tem exigido a melhoria nas condições de trabalho, aumento salarial e reajustes em benefícios para os profissionais. A associação também questiona a carga de trabalho excessiva e a falta de estrutura para desempenhar suas funções adequadamente.
Apesar da importância dessa luta, o movimento encontrou obstáculos legais, e o pedido de suspensão das medidas do governo contra os grevistas foi uma tentativa de amenizar os impactos para os profissionais envolvidos.
A decisão do STJ: Bloqueio das agendas e descontos salariais
O pedido da ANMP
A Associação Nacional dos Médicos Peritos entrou com uma ação no Superior Tribunal de Justiça (STJ) buscando a suspensão dos descontos salariais devidos aos peritos em greve, assim como a liberação do bloqueio das agendas desses profissionais. A ANMP alegava que as medidas adotadas pelo INSS seriam ilegais e prejudiciais aos trabalhadores, que já enfrentam dificuldades financeiras e condições de trabalho adversas.
Em seu pedido, a associação afirmava que o desconto nos salários dos peritos seria uma forma de punição indevida, uma vez que a greve se baseia em justificativas legítimas de insatisfação com as condições de trabalho. Além disso, argumentava que o bloqueio das agendas violava os direitos dos peritos de exercerem sua profissão de maneira plena.
A decisão do STJ
O STJ negou o pedido da ANMP, mantendo as medidas adotadas pelo INSS. Segundo o tribunal, a greve não justificaria a suspensão das ações do governo, uma vez que as decisões administrativas relacionadas ao serviço público e ao cumprimento das normas legais não podem ser suspensas de maneira arbitrária.
O ministro responsável pela decisão destacou que as medidas punitivas, como os descontos salariais e o bloqueio das agendas, são legais e dentro da competência administrativa do INSS, que busca garantir a continuidade dos serviços e a eficiência no atendimento aos beneficiários.
Consequências da decisão
A decisão do STJ tem um impacto significativo tanto para os peritos médicos grevistas quanto para os segurados do INSS. De um lado, os peritos terão seus salários descontados, o que pode afetar ainda mais sua capacidade de sustentar suas famílias durante a paralisação. Por outro, o bloqueio das agendas implica que muitos processos de avaliação de benefícios continuarão acumulando e não serão resolvidos no prazo esperado, o que pode prejudicar os segurados que dependem dessas avaliações para obter benefícios como aposentadoria e auxílio-doença.
A reação dos peritos e da ANMP
O impacto na categoria
A decisão do STJ foi recebida com desagrado pela ANMP e pelos peritos médicos, que veem a medida como uma forma de pressionar a categoria a encerrar a greve sem atender às suas reivindicações. A falta de negociação e o endurecimento das medidas por parte do INSS e do governo federal tornam o cenário cada vez mais tenso.
Muitos peritos alegam que o desconto salarial não é uma solução para o problema e que a melhoria nas condições de trabalho deve ser a prioridade. A associação afirma que a greve continuará até que o governo atenda às exigências e se comprometa a resolver as questões que afetam os profissionais.
O papel do INSS
Por outro lado, o INSS defende que as medidas são necessárias para manter a regularidade do serviço e garantir que os benefícios continuem sendo avaliados e concedidos aos segurados. O órgão afirmou que a decisão do STJ é importante para que o INSS possa seguir com sua missão institucional, atendendo à demanda crescente de aposentadorias, pensões e outros benefícios.
O impacto para os segurados do INSS

Atrasos na concessão de benefícios
Com a greve dos peritos médicos, o atraso nas avaliações e na concessão de benefícios é uma das consequências mais visíveis. Os segurados que aguardam a realização de perícias médicas para a obtenção de aposentadorias, auxílios-doença, pensões e outros benefícios estão enfrentando um cenário de incerteza e desespero.
Essa situação gera um acúmulo de processos e aumenta a demanda por soluções rápidas, o que coloca uma pressão ainda maior sobre o sistema de atendimento do INSS, que já sofre com deficiência de recursos e falta de pessoal.
Alternativas para os segurados
Diante desse cenário, os segurados podem buscar alternativas para minimizar os impactos da greve, como:
- Acompanhar o andamento de seus processos por meio do portal do INSS e verificar se há possibilidade de remarcação de perícias.
- Entrar em contato com advogados especializados para avaliar a possibilidade de solicitar revisão de decisões ou outras medidas jurídicas que possam acelerar o processo.
- Buscar informações sobre a greve e suas implicações, para entender melhor os prazos e as possibilidades de resolução do impasse.
Conclusão
A decisão do STJ de negar o pedido da ANMP para suspender os descontos salariais e o bloqueio das agendas dos peritos médicos grevistas reflete um momento de tensão entre o INSS e os profissionais da área. Embora a medida tenha gerado descontentamento entre os peritos, ela também representa a tentativa do INSS de manter a continuidade dos serviços e atender à demanda crescente de benefícios. O cenário atual exige um equilíbrio entre as necessidades dos peritos médicos e as necessidades dos segurados do INSS, para que o sistema funcione de forma eficiente e justa para todos os envolvidos.