O café, um dos produtos mais consumidos pelos brasileiros, tem pesado cada vez mais no orçamento das famílias. O preço da saca de 60 kg do café arábica disparou de R$ 1.014,93 em fevereiro de 2024 para R$ 2.565,86 em fevereiro de 2025, um aumento de 152%.
O impacto já é sentido nas prateleiras dos supermercados, com pacotes de café atingindo valores acima de R$ 50 por quilo. A previsão é que o preço continue elevado, sem perspectiva de queda no curto prazo. Mas, afinal, por que o café está tão caro? O governo tem alguma culpa? Quais são as previsões para os próximos meses? Acompanhe a análise completa!
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Por que o preço do café subiu tanto?
Diferente do que circula em boatos nas redes sociais, o governo não tem controle direto sobre o preço do café. O encarecimento do produto é consequência de diversos fatores, sendo os principais:
1. Clima desfavorável e seca histórica
A produção de café foi fortemente impactada pela seca prolongada de 2023 e 2024, uma das mais duradouras da história. A escassez de chuvas e as temperaturas elevadas reduziram drasticamente a produção nas principais regiões cafeeiras do Brasil, como Minas Gerais.
Segundo Antônio Pitangui de Salvo, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas (Sistema Faemg Senar), além da seca, tempestades e granizo também prejudicaram a safra, agravando ainda mais a crise na produção.
2. Redução da oferta de café
Com a safra prejudicada, a oferta de café caiu no mercado interno e externo. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima uma redução de 4,4% na produção total de café em relação a 2024. No caso do café arábica, a queda deve ser ainda maior, chegando a 12,4%.
Como consequência, o valor do grão disparou, já que a demanda continua alta e a oferta está limitada.
3. Alta demanda global, principalmente da China
O consumo de café aumentou significativamente no cenário internacional, principalmente na China, que se tornou um dos maiores importadores do produto. Essa crescente demanda global ajudou a elevar ainda mais os preços no Brasil.
4. Enfraquecimento do real e custos de produção
A desvalorização do real frente ao dólar também encareceu os insumos agrícolas, como fertilizantes e defensivos, aumentando o custo da produção. Além disso, o preço da mão de obra e do transporte subiu, impactando ainda mais o valor final do café.
Perspectivas: o preço do café pode cair?
Infelizmente, a tendência é de que os preços do café permaneçam elevados nos próximos meses. Especialistas do setor indicam que há diversos fatores pressionando o mercado, como a previsão de nova safra fraca em 2025, que pode dificultar a normalização da oferta.
Segundo Pavel Cardoso, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), as indústrias absorveram aumentos superiores a 200% nos últimos 12 meses, mas repassaram apenas 79% aos supermercados e 39% aos consumidores. Isso significa que novos reajustes ainda podem ocorrer.
Impacto internacional no preço do café
Além dos problemas internos, outros países produtores também enfrentaram dificuldades climáticas. O Vietnã e a Colômbia, grandes fornecedores mundiais de café, passaram por períodos de seca intensa em 2023 e chuvas excessivas em 2024, reduzindo a produção global.
Esse cenário contribui para a manutenção dos preços elevados, já que o Brasil é um dos principais exportadores e sofre influência direta das cotações internacionais.
Governo pode fazer algo para conter o aumento?
Embora não possa interferir diretamente nos preços do café, o governo pode adotar medidas para minimizar os impactos da alta no setor produtivo. Uma alternativa é o fortalecimento do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), que tem previsão de R$ 6,8 bilhões para a safra 2024/2025.
O objetivo do fundo é oferecer financiamento a produtores e indústrias, reduzindo os impactos da volatilidade do mercado. Segundo Pavel Cardoso, da Abic, é essencial que parte desse montante seja destinada ao setor industrial para amenizar os custos e evitar repasses ainda maiores ao consumidor.
Como economizar na compra do café?
Diante desse cenário de preços elevados, algumas estratégias podem ajudar os consumidores a economizar na compra do café:
- Compare preços entre marcas e estabelecimentos – os valores podem variar bastante de um mercado para outro.
- Compre pacotes maiores – muitas vezes, comprar embalagens maiores pode compensar financeiramente.
- Aproveite promoções e descontos – fique atento a ofertas semanais e programas de fidelidade.
- Experimente marcas alternativas – algumas marcas menos conhecidas oferecem qualidade similar por um preço menor.
- Armazene corretamente o café – manter o café bem fechado e em local seco evita desperdícios e mantém o sabor por mais tempo.
Conclusão
O aumento expressivo do preço do café é resultado de uma combinação de fatores, como problemas climáticos, baixa oferta, alta demanda global e desvalorização do real. Infelizmente, não há previsão de queda nos preços a curto prazo, e os consumidores devem se preparar para pagar mais caro pelo produto nos próximos meses.
A única esperança para amenizar os aumentos está em medidas como o financiamento do Funcafé e possíveis mudanças no cenário climático e produtivo. Enquanto isso, a melhor alternativa para os consumidores é buscar formas de economizar e se adaptar à nova realidade do mercado.
Imagem: Freepik