A pensão por morte é um benefício importante oferecido pela Previdência Social para os dependentes de um segurado falecido. Para aposentados, a questão pode gerar dúvidas, principalmente após a Reforma da Previdência de 2019, que alterou as regras de acumulação de aposentadoria com pensão por morte.
Se você ou seu cônjuge é aposentado, e há o risco de falecimento de um dos dois, é fundamental entender como funcionam as novas disposições legais para garantir o recebimento adequado do benefício. Neste artigo, explicamos as mudanças e os critérios para acumulação desses dois benefícios.
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O que é a Pensão por Morte?
A pensão por morte é um benefício previdenciário pago aos dependentes do segurado do INSS que venha a falecer. O benefício visa garantir a subsistência dos dependentes do falecido, seja ele aposentado ou não. O valor da pensão por morte varia de acordo com o tempo de contribuição do falecido e o número de dependentes, sendo fundamental para o planejamento financeiro das famílias.
No entanto, para aposentados, o recebimento da pensão por morte pode se dar de forma diferente, especialmente quando o casal é composto por dois segurados que já recebem aposentadoria. Com as mudanças trazidas pela reforma de 2019, a acumulação de aposentadoria com pensão por morte exige mais atenção aos detalhes, principalmente no que se refere ao cálculo e ao valor a ser recebido.
Reforma da Previdência de 2019 e as Alterações nas Regras de Acumulação
Em novembro de 2019, a Emenda Constitucional nº 103, conhecida como Reforma da Previdência, alterou diversos aspectos da Previdência Social no Brasil, incluindo a forma de acumulação de aposentadoria com pensão por morte. Antes da reforma, os aposentados podiam acumular os dois benefícios sem grandes alterações no valor a ser recebido. Porém, com a nova legislação, a forma de cálculo do benefício de pensão por morte foi modificada.
Acúmulo de Aposentadoria e Pensão por Morte: O que mudou?
Antes da Reforma da Previdência, um aposentado que tivesse direito à pensão por morte poderia receber a aposentadoria integralmente e, ao mesmo tempo, a pensão por morte de forma integral, sem prejuízo de nenhum dos benefícios. No entanto, com a reforma de 2019, a acumulação dos dois benefícios sofreu ajustes importantes.
Agora, o segurado deve escolher qual dos dois benefícios será pago integralmente. Ou seja, o beneficiário receberá o valor integral de um dos benefícios, e o segundo benefício será reduzido conforme uma tabela específica, que leva em consideração o salário mínimo.
Como Funciona o Cálculo do Valor a Ser Recebido?
Após a reforma, o cálculo do valor da pensão por morte para aposentados passa a ser feito de acordo com faixas percentuais, que dependem do valor que ultrapassa os salários mínimos. Veja como funciona:
- 60% do valor que exceder um salário mínimo, até o limite de dois salários mínimos;
- 40% do valor que exceder dois salários mínimos, até o limite de três salários mínimos;
- 20% do valor que exceder três salários mínimos, até o limite de quatro salários mínimos;
- 10% do valor que exceder quatro salários mínimos.
Por exemplo, se o valor da pensão por morte ultrapassar quatro salários mínimos, o beneficiário receberá 10% do valor que exceder esse limite, reduzindo consideravelmente o montante final.
Exemplo Prático
Imaginemos que o aposentado receba uma aposentadoria de R$ 3.000,00 e tenha direito à pensão por morte de R$ 1.500,00. Como o valor da pensão ultrapassa um salário mínimo, o valor a ser pago será reduzido conforme a tabela mencionada:
- O segurado poderá continuar recebendo o valor integral da sua aposentadoria de R$ 3.000,00.
- Para a pensão por morte, o cálculo seria o seguinte:
- O valor de R$ 1.500,00 ultrapassa um salário mínimo (R$ 1.100,00 em 2024), então, será aplicado o percentual de 60% sobre o valor que excede o salário mínimo.
Portanto, o valor da pensão por morte será calculado e o beneficiário receberá o valor reduzido, de acordo com a nova tabela. Esse é apenas um exemplo e a forma de cálculo pode variar dependendo dos valores específicos do benefício.
Quem Não é Afetado pelas Novas Regras?
Vale destacar que as mudanças nas regras da acumulação de aposentadoria e pensão por morte só se aplicam aos benefícios concedidos após a reforma de 2019. Ou seja, aqueles que já recebiam aposentadoria e pensão por morte antes da publicação da Emenda Constitucional nº 103 não terão o pagamento alterado. Nesse caso, o segurado continua a receber os dois benefícios sem as reduções impostas pela reforma.
Como Saber Se Tenho Direito a Pensão por Morte?
O direito à pensão por morte está condicionado a algumas condições e requisitos. Para que o cônjuge ou dependente tenha direito ao benefício, é necessário que o falecido tenha qualidade de segurado, ou seja, que tenha contribuído para o INSS, ou tenha a condição de segurado especial, se for o caso.
Além disso, a categoria de dependentes também é um fator determinante. Os dependentes podem ser divididos nas seguintes categorias:
- Cônjuge ou companheiro(a);
- Filhos menores de 21 anos ou inválidos;
- Pais (caso não existam outros dependentes).
A pensão será paga aos dependentes na ordem de preferência, e o valor será proporcional ao número de dependentes que o falecido possuía.
Como Solicitar a Pensão por Morte?
Para solicitar a pensão por morte, o dependente do falecido deve acessar o site do INSS ou procurar uma agência do INSS para formalizar o pedido. É necessário apresentar documentos como a certidão de óbito, documentos de identificação do falecido e do dependente, além de comprovantes de união estável ou casamento, no caso de cônjuges ou companheiros.
O processo de solicitação pode ser feito diretamente pelo Meu INSS, aplicativo do INSS, que permite fazer o requerimento, acompanhar o andamento do pedido e até consultar o valor do benefício.
Conclusão
A pensão por morte para aposentados passou por mudanças significativas com a Reforma da Previdência de 2019. Embora o acúmulo dos dois benefícios seja permitido, a forma de cálculo foi alterada, tornando a acumulação menos vantajosa do que antes.
É importante que os aposentados e seus dependentes estejam atentos às novas regras para garantir o recebimento correto dos benefícios. Caso você ou alguém da sua família tenha dúvidas sobre o recebimento desses benefícios, consulte um especialista ou acesse o INSS para obter mais informações.
Compreender as mudanças nas regras da pensão por morte para aposentados é essencial para não ser pego de surpresa. Agora que você já sabe como funciona a acumulação dos dois benefícios, tome as medidas necessárias para garantir seus direitos!
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