A Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família da Câmara dos Deputados aprovou recentemente um projeto de lei que promete trazer uma significativa mudança para os beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O projeto desobriga a prova de vida tradicional para os beneficiários que realizarem algum ato registrado em sistemas públicos, como acessar aplicativos governamentais ou trocar mensagens eletrônicas com órgãos da administração pública.
A medida, se aprovada, pode representar uma grande simplificação no processo de manutenção de benefícios previdenciários, como aposentadorias e pensões, para milhões de brasileiros. O projeto visa otimizar a burocracia e reduzir as dificuldades enfrentadas pelos segurados, especialmente para aqueles que têm dificuldades de locomoção ou vivem em regiões afastadas.
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O que é a prova de vida e por que ela é importante?
A prova de vida é um procedimento exigido pelo INSS para garantir que o beneficiário esteja vivo e apto a continuar recebendo os pagamentos de seu benefício. Anualmente, o beneficiário precisa comprovar que está vivo, sendo que a falha em realizar esse procedimento pode resultar no bloqueio ou suspensão do pagamento.
Atualmente, a prova de vida é realizada no mês de aniversário do titular do benefício e pode ser feita de várias formas, sendo preferencialmente realizada por meio de atendimento eletrônico, com o uso de biometria, nas instituições financeiras que realizam os pagamentos. Embora a medida tenha como objetivo evitar fraudes e pagamentos indevidos, ela tem sido alvo de críticas por ser um processo burocrático e difícil para muitos beneficiários, especialmente aqueles com limitações físicas ou acesso restrito a tecnologias.
O projeto de lei aprovado pela Comissão de Previdência
O Projeto de Lei 2696/21, que alteraria a forma de comprovação de vida dos beneficiários, foi aprovado pela Comissão de Previdência com um texto que desobriga a prova de vida para os beneficiários que tiverem realizado algum ato registrado em sistemas públicos, como acessar aplicativos governamentais ou realizar transações eletrônicas com órgãos da administração pública.
O que muda para os beneficiários?
A principal mudança prevista no projeto é que a simples realização de alguns atos eletrônicos será considerada como prova de vida válida. Isso inclui, por exemplo, o acesso a aplicativos públicos como o e-Social, a troca de mensagens eletrônicas com órgãos como a Receita Federal ou o INSS, ou até mesmo o uso de serviços online como o banco do Brasil ou Caixa Econômica Federal. Para a relatora do projeto, deputada Flávia Morais (PDT-GO), a mudança visa modernizar o sistema, tornando a prova de vida mais prática e acessível.
A medida também prevê a possibilidade de adiamento da prova de vida por até 12 meses em situações excepcionais, como a ocorrência de um estado de calamidade pública, o que pode ser fundamental para garantir que os beneficiários não fiquem sem acesso a seus benefícios durante crises como a pandemia de COVID-19.

Flexibilidade no processo: o que isso significa para os beneficiários?
A principal vantagem dessa proposta é a flexibilização do processo de comprovação de vida. Beneficiários que enfrentam dificuldades para comparecer a uma agência bancária ou a um posto de atendimento do INSS, por exemplo, poderão realizar a comprovação de forma remota, através de ferramentas digitais, tornando o processo mais inclusivo e acessível.
Além disso, ao incluir a possibilidade de adiamento da prova de vida durante períodos de calamidade, a proposta oferece uma rede de proteção para os segurados em situações excepcionais, como desastres naturais ou emergências de saúde pública, como foi o caso da pandemia de coronavírus.
A importância da proposta para o combate às fraudes
Embora a desobrigação da prova de vida possa simplificar o processo para os beneficiários do INSS, a relatora do projeto, deputada Flávia Morais, afirmou que a medida não pode comprometer o controle dos pagamentos realizados pelo INSS. Ela destacou que o principal objetivo da prova de vida é combater fraudes e evitar o pagamento de benefícios a pessoas que não têm direito a eles, como no caso de beneficiários falecidos ou que não estão mais aptos a receber os pagamentos.
Por isso, o projeto de lei busca equilibrar a flexibilização do procedimento com a preservação de mecanismos de controle. A relatora ressaltou que a inclusão de atividades registradas em bases de dados públicos como substitutivas à prova de vida busca modernizar o sistema, garantindo mais eficiência e menos burocracia, mas sem abrir mão do controle necessário para a manutenção da integridade dos pagamentos.
Como a medida pode afetar os beneficiários do INSS?
Aumento da acessibilidade
O principal impacto positivo dessa proposta é a acessibilidade para os beneficiários que, por alguma razão, não conseguem realizar a prova de vida de forma convencional. Isso inclui idosos com dificuldades de mobilidade, pessoas com deficiência ou aqueles que moram em localidades afastadas, onde o acesso aos serviços do INSS é mais limitado.
A implementação de soluções digitais e o uso de sistemas de dados públicos pode representar uma importante melhoria na qualidade de vida dessas pessoas, garantindo que continuem recebendo seus benefícios sem obstáculos burocráticos.
Redução de filas e simplificação do processo
Outro benefício significativo é a redução das filas e do tempo de espera em agências bancárias e postos de atendimento do INSS. Com a utilização de ferramentas digitais, como aplicativos de mensagem ou sistemas de dados públicos, o processo de comprovação de vida pode ser feito de forma rápida e eficiente, sem a necessidade de comparecimento presencial. Isso não só facilita a vida dos beneficiários, mas também contribui para a desburocratização e a modernização dos serviços públicos.
Possibilidade de adiamento em situações excepcionais
O projeto também garante uma certa flexibilidade para os beneficiários em situações excepcionais, permitindo o adiamento da prova de vida por até 12 meses durante períodos de calamidade pública ou outros tipos de emergência. Essa medida, por exemplo, poderia ter sido útil durante a pandemia de COVID-19, quando muitos beneficiários ficaram impossibilitados de realizar a prova de vida devido a restrições de mobilidade e ao fechamento de serviços.
Desafios e próximos passos do projeto
Embora a proposta tenha sido aprovada na Comissão de Previdência, o projeto ainda precisa ser analisado pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados. Após essa análise, ele será votado pelos deputados e, se aprovado, seguirá para o Senado Federal.
A proposta precisa ser acompanhada de perto, pois a alteração das regras para a prova de vida pode impactar diretamente a forma como os benefícios previdenciários são gerenciados no Brasil. A principal preocupação dos legisladores é encontrar um equilíbrio entre a modernização do processo e a manutenção da segurança no pagamento dos benefícios.
Considerações finais
A proposta que desobriga a prova de vida para beneficiários do INSS que acessarem sistemas públicos representa um passo importante para a modernização dos serviços previdenciários no Brasil. A flexibilização do processo, a utilização de soluções digitais e a possibilidade de adiamento em casos excepcionais trazem mais acessibilidade e praticidade para os beneficiários, além de contribuir para a desburocratização dos serviços públicos.
No entanto, é fundamental que o projeto de lei seja cuidadosamente acompanhado para garantir que os controles necessários para evitar fraudes sejam mantidos, assegurando a continuidade dos pagamentos de benefícios de forma segura e eficiente.





