À medida que envelhecemos, uma variedade de alterações acontece em nosso corpo, algumas das quais nos afetam profundamente e outras que mal percebemos. Uma descoberta científica que vem recebendo cada vez mais atenção é a presença das chamadas células senescentes, ou células zumbis, e o seu papel no processo de envelhecimento.
Essas células, inicialmente normais, entram em um estado de senescência em resposta a danos ou estresse, cessando a divisão mas resistindo à morte. Apesar de não se dividirem, liberam substâncias que podem ser prejudiciais aos tecidos ao redor, afetando a função orgânica e potencializando doenças relacionadas à idade avançada.
Como as células senescentes afetam nossa saúde?
A presença de células senescentes em nosso organismo aumenta com a idade, promovendo inflamações e degradando progressivamente a função dos nossos sistemas. Esses “zumbis” biológicos são parte da razão pela qual o nosso sistema imunológico e a nossa cognição declinam com o passar dos anos.
Este fenômeno ocorre como uma resposta natural do corpo ao envelhecimento ou lesão. Idealmente, nosso sistema imune deveria eliminar essas células disfuncionais, mas à medida que envelhecemos, ele perde essa capacidade. Cientistas estão pesquisando maneiras de reverter esse efeito, com o objetivo de prolongar a saúde e a vitalidade em idades mais avançadas.
O estudo das células senescentes não apenas expandiu nosso entendimento sobre o envelhecimento, mas também inspirou a emergente área da medicina conhecida como terapia senolítica. Esta abordagem procura desenvolver tratamentos que possam eliminar as células senescentes e, assim, mitigar seus efeitos nocivos.
Potencial dos tratamentos com senolíticos
Um dos marcos nesta área foi alcançado por sua equipe na Clínica Mayo em Rochester. Em 2015, descobriu-se que a combinação dos compostos dasatinibe e quercetina era eficaz não apenas em matar células senescentes em camundongos, mas também em melhorar significativamente sua saúde e função cardiovascular.
Desde então, diversas outras pesquisas começaram a explorar tratamentos senolíticos, que sugerem ser uma ferramenta promissora na promoção de uma vida mais longa e saudável. No entanto, especialistas alertam que o caminho para a aplicação segura desses tratamentos ainda é longo e cheio de desafios, como a compreensão completa das consequências de eliminar células que naturalmente não seriam substituídas.
Entender melhor as células senescentes pode ser a chave para desvendar os mistérios do envelhecimento, e com avanços contínuos na ciência médica, talvez um dia possamos realmente reverter alguns de seus efeitos mais prejudiciais.
Embora ainda estejamos descobrindo muitas das funções e mecanismos das células senescentes, é inegável que elas desempenham um papel significativo no envelhecimento saudável, abrindo novos caminhos para intervenções que podem melhorar a qualidade de vida durante a terceira idade.
Imagem: Fayette Reynolds M.S. / pexels.com