Avanços no diagnóstico precoce do Alzheimer: A importância da saúde dos olhos
Um estudo recente promovido por pesquisadores da Universidade de Loughborough, no Reino Unido, sugere uma conexão intrigante entre a saúde dos olhos e o diagnóstico precoce do Alzheimer. Este estudo, que envolveu mais de 8.600 participantes, sugere que problemas na visão podem ser indicativos dos estágios iniciais da demência, particularmente do Alzheimer, até uma década antes do diagnóstico clínico tradicional.
Durante o estudo, 537 dos participantes foram diagnosticados com algum tipo de demência. Os pesquisadores focaram-se em analisar a sensibilidade visual destes indivíduos, realizando testes que mediam a rapidez com que eles reconheciam formas geométricas em movimento. Os resultados mostraram que os que posteriormente desenvolveram demência tiveram desempenhos inferiores nesses testes em comparação aos demais.
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Primeiros sinais do Alzheimer: O que observar?
Os primeiros indícios de Alzheimer podem se manifestar de diversas formas, incluindo a percepção diminuída dos contornos dos objetos, dificuldades em diferenciar cores e problemas no reconhecimento de rostos novos. Essas alterações visuais, apesar de sutis, podem preceder em muitos anos os sintomas cognitivos mais evidentes da doença.
- Perda da percepção de contornos:
- Esta é uma das primeiras manifestações visuais do Alzheimer e pode ser percebida como dificuldade em discernir formas nítidas dos objetos ao redor.
- Indivíduos podem ter dificuldade em distinguir entre objetos semelhantes, como uma xícara e um copo, devido à perda da capacidade de perceber os contornos distintos entre eles.
- A perda da percepção de contornos pode levar a problemas de orientação espacial e dificuldades na execução de tarefas que exigem precisão visual, como ler ou desenhar.
- Dificuldade na diferenciação de cores:
- Pacientes com Alzheimer podem experimentar dificuldades em identificar cores ou contrastes entre elas.
- Isso pode se manifestar como uma inabilidade em reconhecer cores comuns, como confundir o azul com o roxo, ou dificuldade em perceber objetos em ambientes com cores variadas.
- A deterioração da percepção de cores pode interferir na capacidade de realizar tarefas cotidianas, como escolher roupas apropriadas ou reconhecer objetos em um ambiente colorido.
- Reconhecimento de rostos:
- O Alzheimer frequentemente afeta a habilidade de uma pessoa em reconhecer rostos familiares, uma função conhecida como prosopagnosia.
- Indivíduos podem ter dificuldade em reconhecer membros da família, amigos próximos ou até mesmo o próprio rosto no espelho.
- Além disso, a memorização de novos rostos pode ser desafiadora, o que pode levar a problemas sociais e isolamento à medida que a doença progride.
Essas alterações visuais são indicadores importantes do comprometimento cognitivo associado ao Alzheimer e podem preceder os sintomas cognitivos mais óbvios, como perda de memória e dificuldade de raciocínio, em muitos anos. Identificar e compreender esses sinais precoces pode ser crucial para um diagnóstico precoce e intervenção adequada.
A pesquisa atual sugere que os testes de sensibilidade visual podem, futuramente, complementar outros testes de função cognitiva e de memória no diagnóstico precoce do Alzheimer. O professor Eef Hogervorst, um dos autores principais do estudo, salienta que a combinação desses testes poderia ser uma ferramenta valiosa não apenas para diagnosticar, mas também para monitorar o progresso da doença em estágios iniciais.
Com o desenvolvimento de técnicas mais sofisticadas para análise da função visual, a expectativa é que seja possível identificar, de maneira não invasiva, indivíduos em risco de desenvolver Alzheimer, permitindo intervenções mais eficazes, que podem retardar ou até mesmo prevenir a progressão da doença.
Atualmente, o diagnóstico do Alzheimer é multifatorial, envolvendo avaliações clínicas e neurológicas detalhadas, junto a testes cognitivos e de imagem, como ressonância magnética ou tomografia por emissão de pósitrons (PET scan). Esses métodos buscam identificar padrões neurológicos que são característicos da doença. Além disso, pesquisas recentes têm explorado biomarcadores específicos no líquido cerebrospinal que poderiam indicar a presença precoce da doença, embora ainda não sejam aplicados rotineiramente na prática médica devido ao custo e complexidade.
Imagem: Jornal da USP