A realidade do autismo e os impactos financeiros
Uma importante proposta em tramitação no Congresso Nacional busca garantir mais dignidade e justiça social para pessoas com autismo e suas famílias. O Projeto de Lei 892/24, de autoria do deputado Saullo Vianna (União-AM), propõe a isenção do Imposto de Renda sobre a aposentadoria e pensão recebidas por pessoas com autismo ou seus representantes legais.
O autismo é um transtorno neurodiversificado que afeta o desenvolvimento do cérebro e impacta a forma como as pessoas se comunicam e interagem com o mundo ao seu redor. As famílias de pessoas com autismo frequentemente enfrentam desafios financeiros significativos, principalmente com os altos custos de tratamento, terapias e acompanhamento especializado.
Na busca por uma vida mais independente e digna, muitas pessoas com autismo ingressam no mercado de trabalho e contribuem para a previdência social. Ao se aposentarem ou receberem pensão, no entanto, deparam-se com a cobrança do Imposto de Renda sobre esses rendimentos, o que gera uma nova carga tributária para famílias já fragilizadas.
- A proposta de isenção e seus benefícios:
O PL 892/24 visa aliviar essa carga fiscal e garantir que as pessoas com autismo e suas famílias possam ter acesso integral aos recursos da aposentadoria e pensão, sem a dedução do Imposto de Renda. A medida reconhece as necessidades específicas dessa população e busca promover a inclusão social e a autonomia financeira das pessoas com autismo.
- Quem tem direito à isenção?
A proposta prevê a isenção do Imposto de Renda para a aposentadoria e pensão recebidas por:
- Pessoas com autismo: Desde que apresentem laudo médico que comprove o diagnóstico do transtorno.
- Representantes legais de pessoas com autismo: Quando a pessoa com autismo não possui condições de administrar seus próprios rendimentos.
- Tramitação do Projeto de Lei:
O PL 892/24 ainda está em fase inicial de tramitação no Congresso Nacional. Após a sua apresentação, o projeto será analisado pelas seguintes comissões:
- Comissão de defesa dos direitos das pessoas com deficiência: Essa comissão terá a função de avaliar os aspectos relacionados aos direitos das pessoas com autismo e à efetividade da proposta.
- Comissão de finanças e tributação: Essa comissão analisará os impactos orçamentários e fiscais da medida, considerando a viabilidade da isenção do Imposto de Renda.
- Comissão de constituição e justiça e de cidadania: Essa comissão verificará a constitucionalidade e juridicidade da proposta, garantindo que ela esteja em consonância com as leis e princípios do Brasil.
Se aprovado nas três comissões, o projeto seguirá para o Plenário da Câmara dos Deputados, onde será votado pelos 513 deputados federais. Em caso de aprovação no Plenário, o PL 892/24 será enviado ao Senado Federal para nova análise e votação.
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O que esperar do futuro da proposta?
É difícil prever com exatidão o destino do PL 892/24. No entanto, alguns fatores podem influenciar sua aprovação:
- Sensibilização da sociedade: A conscientização sobre o autismo e os desafios enfrentados por pessoas com essa condição é crucial para o apoio à proposta. Quanto maior a mobilização da sociedade civil e das organizações ligadas ao autismo, maior a chance de sensibilização dos parlamentares.
- Impacto fiscal: A Comissão de Finanças e Tributação irá analisar o impacto orçamentário da isenção. Será preciso demonstrar que o benefício social supera o custo para o governo.
- Precedentes legais: A existência de outras leis que oferecem isenção de Imposto de Renda para pessoas com deficiência pode servir de base para aprovação do PL 892/24.
- Argumentos a favor da proposta:
- Justiça social: O autismo acarreta custos elevados para as famílias, e a isenção alivia a carga financeira, garantindo mais dignidade para as pessoas com autismo.
- Inclusão social e financeira: A medida incentiva a independência financeira das pessoas com autismo, possibilitando que participem ativamente da sociedade.
- Reconhecimento das necessidades específicas: O PL 892/24 reconhece que as pessoas com autismo possuem necessidades financeiras diferenciadas e necessitam de apoio do governo.
Argumentos contrários à proposta:
- Impacto orçamentário: A isenção pode gerar um impacto negativo na arrecadação de impostos.
- Possibilidade de abuso: É preciso garantir mecanismos que impeçam o uso indevido da isenção por pessoas sem diagnóstico de autismo.
- Benefício setorial: A isenção seria exclusiva para pessoas com autismo, o que poderia levantar questionamentos sobre a falta de inclusão de outras deficiências.
O PL 892/24 é uma proposta que visa promover a inclusão social e financeira das pessoas com autismo. Ainda em fase inicial de tramitação, a proposta necessita do apoio da sociedade civil para sensibilizar os parlamentares e demonstrar a importância da medida. Acompanhar o processo e mobilizar-se são atitudes fundamentais para o avanço do PL 892/24 e a garantia de direitos para as pessoas com autismo e suas famílias.
Imagem: Reprodução Remessa Online